Pirenópolis avança na discussão sobre Política Mineral Goiana
Agregação de valor, potencial gemológico, aproveitamento de resíduos e indicação geográfica foram destaque no evento
Janyelle da Mata
A segunda etapa da sétima rodada de discussões sobre a Política Mineral Goiana ocorreu em Pirenópolis, no dia 29 de setembro. O evento é uma realização do Governo de Goiás, por meio da Secretaria da Indústria, Comércio e Serviços (SIC). A reunião foi marcada pela presença da coordenadora geral do Plano Estadual de Recursos Minerais (PERM), Lívia Parreira, do Analista Técnico do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas Goiás (Sebrae), João Luiz Prestes Rabelo, pelo Superintendente de Gestão Integrada da Secretaria de Indústria e Comércio (SIC), Ananias José de Oliveira Júnior, do Presidente da Câmara Municipal de Pirenópolis, Negmar Francisco da Trindade, do Deputado Estadual e Presidente da Comissão de Minas e Energia da Assembleia Legislativa de Goiás, Lineu Olímpio.
A Coordenadora Geral do PERM, Lívia Parreira, enfatizou que o primordial para que o setor mineral goiano evolua é a vontade e coletividade. Lívia apresentou o conceito de Cluster de Joias, que, segundo ela, pretende criar uma rede de cooperação entre indústrias, empresas, fornecedores, clientes e instituições, promovendo a colaboração para impulsionar o setor mineral em Goiás. Um dos principais focos é a verticalização da cadeia de joias, abrangendo desde a extração até a produção de joias, incluindo laboratórios de lapidação, certificação e análise de mercado nacional e internacional. “Agradeço a todos os parceiros, com vocês ao nosso lado iremos colher bons frutos”, afirmou.
Ananias José de Oliveira Júnior, Superintendente de Gestão da SIC, ressaltou que sem essa participação o Plano será em vão”, pontuou. O Deputado Estadual, Lineu Olimpio expressou o comprometimento em continuar trabalhando na Assembleia Legislativa para aprimorar as leis relacionadas ao setor de mineração e criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. “O trabalho que a SIC está desenvolvendo é agregador e movimenta o setor mineral com palestrantes qualificados e preparados”, afirmou.
Agregar valor - André Carlos Silva, professor do curso de Engenharia de Minas da Universidade Federal de Catalão (UFCAT), mencionou que a agregação de valor é fundamental para a indústria mineral. Ele explicou que não se trata apenas de extrair e vender matérias-primas, mas de transformar esses materiais em produtos finais mais valiosos. Ele discutiu como a qualidade e o processamento adequado dos minérios podem melhorar o valor final. Ele também ressaltou a importância de pensar de forma diferente sobre os resíduos da mineração. Em vez de simplesmente descartá-los, ele argumentou que é possível encontrar maneiras de reutilizar ou reciclar esses resíduos, criando novos produtos e gerando receita adicional. “Precisamos repensar as nossas estratégias e não ficarmos presos apenas à verticalização”, salientou André. O professor destaca a oportunidade de repensar a cadeia de valor do quartzito em Pirenópolis, que pode ser utilizado em diversas aplicações como vidros e paineis fotovoltaicos.
Potencial Gemológico - Francisco Sene Rios, supervisor da Gerência de Geologia e Recursos Minerais da Superintendência de Goiânia do Serviço Geológico do Brasil (SGB), discutiu a produção mineral no Brasil ao longo dos anos, com foco em minerais como ouro, nióbio, ferro e pedras preciosas. Ele afirma que Goiás tem um grande potencial na indústria de gemas preciosas, com destaque para Cristalina, conhecida por água-marinha e turmalina, e Campos Verdes, famosa por esmeraldas. Niquelândia também se sobressai na produção de gemas como turmalina e granada. Segundo Francisco, a qualidade excepcional das gemas de Goiás e a habilidade de lapidação do Brasil as tornam valiosas no mercado de joias, impulsionando a economia local e consolidando o estado como um polo de destaque na mineração de gemas no Brasil e internacionalmente. Porém, ele aponta os desafios para Goiás se sobressair no setor de gemas. “A legislação ambiental brasileira é muitas vezes rigorosa e burocrática, tornando desafiador o processo de mineração. Além disso, existe uma falta de compreensão e valorização da cultura mineral no Brasil, com pouca ênfase na educação sobre geologia e mineralogia nas escolas”, afirmou.
Indicação Geográfica - O Analista Técnico do SEBRAE Goiás, João Luiz Prestes Rabelo, explica a importância das indicações geográficas (IG) no contexto de pequenos negócios de produção, como o de joias em prata de Pirenópolis. A IG contribui para agregação de valor de algo que já existe na região. "Uma IG é reconhecida e não imposta", ou seja, reconhece-se a singularidade do produto, ou do modo de fazer, explica João Prestes. Ele menciona que essas IG’s são fundamentais para valorizar produtos específicos de determinadas regiões. Ele destaca que a indicação geográfica é uma ferramenta de diferenciação que ajuda a acessar mercados de forma competitiva agregando valor a algo que já existe na região.
Segundo ele, apesar de ter o selo de indicação geográfica para as joias de prata, o município precisa aumentar a conscientização e o engajamento da comunidade local com relação a essa oportunidade. João afirma que envolveria educar os moradores sobre os benefícios e o valor das indicações geográficas, incentivando-os a se envolverem e a promoverem a IG em seus produtos. “É necessária a participação em eventos, feiras e trocas de experiências com outras indicações geográficas, buscando melhorar o ambiente de negócios para os artesãos e empresários envolvidos”, pontuou. Ele acrescentou que o Sebrae é parceiro do PERM e que estará presente no diagnóstico e mobilização dos produtores locais de joias.
Mobilização social - Encerrando as palestras, um momento significativo de interação se abriu para o público. Sob a mediação de Lívia Parreira, os espectadores tiveram a chance de compartilhar suas dúvidas, levantar questões cruciais e oferecer sugestões aos palestrantes. Esse diálogo direto demonstrou o comprometimento com a participação da comunidade e a busca por soluções conjuntas. As participações ocorreram por meio de formulários e também de forma verbal e comporão o relatório do Seminário, a ser disponibilizado no site PERM.
Fonte: Secom UFG
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